Famoso pela produção de fibras que originam a tequila e outras bebidas, como o mezcal, o agave possui um enorme potencial como biocombustível no Brasil. Esta planta pode ser uma aliada na transição energética no semiárido, ou seja, um grande ator na transformação socioeconômica do Nordeste.
Leidiane Mariani, neste 35º episódio do podcast Amplum Biogás, entrevista Gonçalo Pereira, professor titular na Unicamp e coordenador do Projeto Brave e do Projeto Arrakis. Iniciativas que utilizam o agave como uma oportunidade na corrida pela descarbonização de processos ao redor do mundo. Clique no link abaixo e escute o episódio na íntegra! Seja no Youtube, no Spotify, ou aqui no site da Amplum! Dê o PLAY!
Agave como biocombustível: uma feliz oportunidade
Com um currículo vasto e de peso, Gonçalo possui anos de experiência com projetos voltados à sustentabilidade e compartilha que o agave representa um cultivo promissor para o Brasil. Já o objeto de sua pesquisa, o agave, é originário do México, e se adaptou ao clima semiárido ao longo do tempo, desenvolvendo um metabolismo único que forma um ácido capaz de utilizar o CO₂ na fotossíntese.

Mas o que torna o agave uma planta tão promissora? A quantidade de biomassa por hectare é um dos principais fatores de interesse do setor. A produção, principalmente na América Central, é grande, e o tamanho das plantas destaca o potencial de produção.
Gonçalo compartilha que, após 5 anos de cultivo, o agave pode produzir mais de 100 toneladas por hectare, enquanto a cana-de-açúcar, apesar do crescimento mais ágil, gera cerca de 80 toneladas por hectare.
Agave: Uma resistência perante às mudanças climáticas
Famoso pela produção da tequila, o agave possui mais de 200 espécies e é altamente rico em aminoácidos, vitaminas e fibras. Cultivado há mais de 9 mil anos pelas civilizações mexicanas, o agave é uma planta versátil, capaz de prosperar em cenários atípicos.
Gonçalo destaca que há muito mais semiárido no mundo do que floresta tropical, o que torna a América Central uma região forte na produção de plantas adaptadas ao clima das Américas e resilientes às mudanças climáticas. O crescimento do agave é peculiar: seus primeiros anos são mais frágeis, até que a planta atinge um tamanho expressivo e se torna altamente resistente.
Gonçalo compartilha que, no Programa Brave, o foco é testar as diferentes fases de crescimento do agave e suas fisiologias. Após mais tempo de cultivo, as plantas são transformadas em etanol de primeira geração, segunda geração e, posteriormente, em biogás. Além disso, o agave também pode ser utilizado na produção de ração animal e bioquímicos, com o monitoramento da captura de carbono e a análise do ciclo de vida da planta.
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Desafios do agave como biocombustível no setor
No Nordeste, o agave tem o potencial de impulsionar a geração de emprego e renda para a população, mas o contexto nacional, considerando outras regiões, ainda apresenta desafios. O pesquisador aponta que a produção centralizada da fibra, para garantir volumes adequados de caldo, é um dos primeiros passos. Porém, é necessário compreender o papel do petróleo e identificar os obstáculos que impedem o desenvolvimento do mercado de biocombustíveis, devido ao preço competitivo e cômodo acesso das indústrias. Ele complementa:

“É excepcional a posição do Brasil na transição energética. A gente tem que conseguir impedir com tecnologia a queima criminosa de floresta e o Brasil não pode ser um país carbono neutro, mas precisa ser carbono negativo […] O Brasil é um país de futuro e o futuro chegou.”
Sendo assim, o professor reforça que usar o instinto humano é essencial para tornar a transição energética uma necessidade. Para isso, é imprescindível ser essa transição ser amparada pelo arcabouço regulatório, fator tão relevante quanto o país conseguir conectar a academia ao setor produtivo. A constatação já reflete o contexto de pesquisa com agave como biocombustível.
Confira o episódio íntegra no Spotify!

O agave é uma planta incrível, e se você quer saber mais sobre outras formas inovadoras de cuidar da transição energética com biocombustíveis, acesse o episódio no Spotify e YouTube.
E a dica do professor Gonçalo foi:
- Livro comporte-se: A biologia humana em nosso melhor e pior – M. SapolskyRobert https://www.amazon.com.br/Comporte-se-biologia-humana-nosso-melhor/dp/6559210820
Esse episódio foi patrocinado pela Ultragaz – Com todo o gás, em todo o lugar! Patrocinando o podcast da Amplum, a Ultragaz soma energias na nossa missão de disseminação de conhecimento sobre biogás e biometano. Quer saber como a Ultragaz se tornou um aliado e protagonista na transição energética? Clique aqui e descubra!